/* */ Cor Sem Fim: Eu perguntei, Eu Fúria respondeu

Eu perguntei, Eu Fúria respondeu

Quatro rapazes jovens. Só podia dar asneira!

Estou a brincar! Eles resultam todos muito bem. Têm cumplicidade e amizades fortes, boas influências que os levam a fazer boas músicas e têm bons apoios. Receita perfeita para uma boa combinação e momentos de música agradável e divertida.

Rafael Matos, 19 anos, que diz trabalhar num aeroporto.

No início foi complicado perceber quando estavam a falar a sério ou a brincar (para além de que falaram todos ao mesmo tempo!). Não têm outros projectos (e aquilo que fazem paralelamente à música está na legenda de cada fotografia).

Comecei por lhes dizer "Não vos vou perguntar como se conheceram porque li que são amigos de longa data...", ao que o João respondeu logo que ele não era e o Sebastião começou prontamente uma história: "Isto foi uma vez que fizemos um interrail (...)" e parou para me perguntarem afinal qual era a pergunta. E eu ainda não tinha perguntado nada. Começámos bem, portanto! Nisto, o Rafael caiu na armadilha que o CAEP tem preparada para todos os artistas: cadeiras com apenas 3 patas. Desequilibrou-se de tal maneira que ia caindo no chão.

Porquê Eu Fúria?

É um nome que, para mim, pode ter várias interpretações: a "fúria" (leia-se energia) que eles põem na música e nas actuações deles; o facto de "eu fúria" ser semelhante a "euforia"; e a lista podia continuar. Mas eles dizem que só revelarão a verdadeira razão quando fizerem 50 anos de carreira. Logo de seguida disseram que uma vez acolheram um gato magoado que estava à porta da sala de ensaios ("somos boas pessoas"), cuidaram dele e chamaram-lhe Fúria. Também dizem que teve a ver com as influências que têm. Já sabem como isto funciona: levem a razão que mais gostarem.

Três palavras que os definam? Vamos deixar esta para o fim, boa?

Estes concertos com os seBENTA surgiram por uma razão simples. Esta era uma pergunta que eu tinha curiosidade: Porque é que uma banda com menos de um ano se juntou com uma banda que tem doze anos? Simples: o vocalista dos seBENTA, Paulecas, é pai do Rafael. Então, quando perguntei por um artista, morto ou vivo, com quem gostariam de tocar por uma noite, o Rafael foi um fofinho: "com o meu pai, Paulecas". Ivo também gostaria de tocar com o pai dele, que também é músico e trabalha com várias bandas. Sebastião foi para uma escolha mais "clássica": David Bowie. E o João... bem, o João... o João gostava de tocar com ele próprio... tipo mudar de corpo e tocar com ele... ou então com o Josh Homme, dos Queens of the Stone Age.

Nunca tinham estado em Portalegre enquanto banda (mas havia um ou outro membro que já tinha cá estado). O João parecia uma criança com tamanho entusiasmo: "Vi uma muralha, uma caixa agrícola e um castelo muito giro.". Entusiasmo que foi cortado pelas frases que se sucederam: "Mas amanhã já estou farto. Não há Mc Donalds e a rede não é lá muito boa.".

Ivo Martins, 20 anos, que está a acabar o 12º ano.


Públicos e espaços

Perguntei por públicos surpreendentes (a uma banda que tem ainda pouca experiência). Falaram do público do Popular de Alvalade (jogam em casa) e, com isto, lembrei-me de perguntar de que clube são. Tristeza a minha que são todos sportinguistas... à excepção do Sebastião. E estão todos numa relação... à excepção do Sebastião que diz "é complicado".

Voltando ao tópico em questão, gostavam de tocar no Lollapalooza, no Coachella ("Sabes escrever Coachella?"perguntou o João. Sim. Sim, sei.) e no Royal Albert Hall. O Rafael ainda insistiu (umas três vezes...) que gostava de tocar na Torre de Belém. Falaram também de Glastonbury e de Wembley.

Quanto a ser perto ao mar, na cidade ou no campo... Gostavam de tocar junto ao mar. E gostavam de marcar presença num festival: NOS Alive, Paredes de Coura e, ainda, Festival do Crato!

Sebastião Varela (a.k.a. Bonifácio Amaral), 18 anos, que trabalha em cinema e é isso que quer estudar.

Músicas e sons e cenas e sons e músicas

Se ficassem com um CD encravado no carro, quais seriam as músicas que eles escolheriam? Sebastião não se importava de ficar com a After Hours dos Velvet Underground; Hysteria dos Muse para o Ivo; Blackbird dos Beatles para o João; e o Rafael disse "Kill The Bird - Mortes Sem Regresso.... Grande Salvador". E a música preferida feita por eles? "Tudo o que fizemos", o single deles, foi a escolha do Ivo e do Rafael. Já o João escolheu a "Namoros Miúdos" e Sebastião a "Grita". Espero que lancem um  CD rapidinho para podermos ouvir tudo isto em modo repeat!


Em comparação a outros espaços, os do CAEP são, segundo eles, muito fixes. Só colocaram um defeito: as luzes. O João tinha um foco a apontar para ele (e ele diz que lhe dava muito calor). Aproveitei esta deixa para dizer ao baterista que dificilmente o ia conseguir fotografar, ao que o João respondeu "diminui ou aumenta o ISO. É solução para tudo.". Claro João, claro. Sem cachê? Não voltariam. E expectativas para aquela noite? "Bué boas. Muitas-barra-algumas.".

Frutas ou vegetais? Todos preferem frutas. Papaia. Manga. Morangos com chocolate, referiu o Sebastião.

Falta aquela perguntinha não é...

Três palavras que os definam? Começaram por dizer "mui ta giros" e terminaram a dizer "guapos, calientes e muchachos". Disseram que era complicado definirem-se em apenas três palavras, afirmaram gostar de música e que são uma banda de rock. Fazem a cena deles, metem os sentimentos deles. Pegam nas diferentes influências e nas diferentes visões que cada um tem e conseguem na sala de ensaios juntar tudo e criar uma sonoridade própria. E definem-se assim, como criadores de músicas com identidade própria. Foi, talvez, a única vez em toda a entrevista em que falaram a sério (fiquei perplexa!).

João Barradas, 20 anos, que trabalha em estúdio.

Tudo o que fizemos foi tão perto de te amar.

Ah, e já viram alguém igual ao António Variações.


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